O brasileiro tende a ser bastante extremista, principalmente quando o assunto é economia. A impressão que se tem é que todos os investidores, no mercado de imóveis por exemplo, apenas atuam em momentos nos quais o mercado está alta – a figura real do investidor imobiliário é um tanto diferente, no entanto.
Grande parte do “boom” imobiliário nos anos passados apenas ocorreu em razão da ação anterior do investidor imobiliário, quando as coisas ainda não iam tão bem assim. Construtoras e incorporadoras, à época, dispunham de um grande “estoque” de terrenos para desenvolver novos projetos. Esses terrenos, comprados em uma época de baixa nos valores dos imóveis e mantidos até a alta, permitiram ao setor crescer e lucrar mais com a venda de propriedades quando as coisas ficaram melhores.
Tudo indica que a partir de 2016 o mesmo possa ocorrer. O investidor imobiliário de curto prazo, entretanto, aquele que compra diversas unidades para vendê-las nos meses seguintes, parece ter deixado o segmento um pouco de lado. O investidor imobiliário de 2016 será aquele, uma vez mais, com foco no longo prazo.
Como lidar com esse investidor
Como corretor ou imobiliária, é preciso compreender as necessidades e a estratégia desse investidor imobiliário em tempos de crise. Preço passa a ser fundamental e o objetivo deles é o de manter a propriedade por anos até que ela possa gerar o retorno desejado.
Unidades em áreas já valorizadas e imóveis em construção não são de grande interesse, mas terrenos e imóveis usados em regiões que devem passar por grandes modificações e valorização na próxima década são um foco interessante para investir. Esse investidor imobiliário manterá seu capital “preso” ao imóvel durante muito tempo, e por isso preços abaixo dos praticados no mercado são seu foco.
Para trabalhar com esse perfil, é preciso dispor e procurar propriedades e imóveis que estejam nitidamente subvalorizados, mas também colher informações e dados que possam comprovar e mostrar a esse investidor as razões e argumentos da subvalorização. Muitos deles podem estar dispostos, inclusive, a investir em reformas e até construções nessas áreas, também visando o longo prazo, por meio da abertura de ruas e acesso ou divisão em loteamentos.
Os contratos e negociações também tendem a demorar mais com esse tipo de investidor imobiliário – não adianta esperar por fechamentos “relâmpago”. Negociações podem se estender por meses e exigem uma atuação próxima do corretor em cada nova rodada de ofertas e propostas. É preciso paciência, mas atender a esse tipo de cliente pode ser o grande diferencial para um corretor nos próximos dois anos.