Essa é uma pergunta que muitos de nós, corretores e agentes imobiliários, temos feito a nós mesmos nos últimos tempos. Com vendas fracas, especialmente no segmento de imóveis de 2 ou 3 dormitórios, o consumidor dá sinais claros de que os preços de apartamentos e casas simplesmente estão muito além de sua realidade financeira.
Uma pesquisa realizada ao longo de 2014, antes mesmo da derrocada dos índices econômicos, durante o início deste ano, mostra que, embora 68% dos usuários busquem imóveis com valores de, no máximo, R$ 350 mil, menos de 30% das ofertas se encontram nesse patamar.
Em cidades como Rio de Janeiro e Brasília então, 80% ou 85% das ofertas de imóveis anunciadas possuem preços acima desse patamar. O site considerou, ao longo do ano passado, uma média de 1,7 milhão de buscas mensais, para um total de anúncios de imóveis no ano de mais de 3 milhões.
Correção?
Os preços das coisas dificilmente recuam no Brasil, mas a temporada de descontos, redução de valores de entrada e concessão de benefícios, como escritura e outras despesas de compra gratuitas, já tomaram o mercado em muitas capitais e devem se tornar ainda mais abrangentes dentro em breve.
Como outras pesquisas já demonstraram, o pouco movimento que segue adiante está mais concentrado em imóveis de 1 dormitório – única alternativa para quem busca algo mais barato – ou de 4 dormitórios ou mais.
Sem desespero
Uma coisa é certa: os corretores “de plantão”, que praticamente permaneciam seu tempo sentados em mostruários e show rooms, esperando clientes que apareciam sozinhos, interessados em adquirir propriedades, chegaram ao seu final.
Contudo, para aqueles corretores dotados de organização e com boas carteiras de clientes acumuladas ao longo dos anos, a crise pode ser uma oportunidade de estabelecer um diferencial e se firmar de vez na carreira.
Muitos dos aventureiros deixarão o mercado de corretagem em dificuldades. Se menos imóveis devem ser vendidos, eles também devem ser comercializados por um número menor de corretores.
Modifique sua carteira
Passe ainda a agregar em sua carteira de ofertas de imóveis apartamentos com 1 dormitório, estúdios e as antigas quitenetes. Já que o mercado está com maior demanda nessa faixa de propriedade, tente adequar seu portfólio à realidade. Caso você tenha acesso a imóveis de luxo e a clientes desse segmento, também convém operar com algumas boas opções de apartamentos com 4 dormitórios ou mais, uma faixa de mercado que ainda parece estar passando relativamente ilesa pela atenuação de vendas do mercado.
O grande diferencial agora será a inteligência em dois momentos, para corretores e imobiliárias: primeiro, na hora de selecionar a carteira de imóveis; em segundo lugar, na hora de trabalhar um público que, com crise ou não, terá necessidade de comprar ou alugar propriedades, até por desistir do financiamento de apartamentos mais caros, e terá de recorrer a alternativas mais em conta.